quinta-feira, maio 05, 2005

 

O Hospital

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A ser verdade, o nosso Filósofo tomou uma boa decisão: por agora, o tão falado novo Hospital Central do Algarve, no Parque nas Cidades, não vai em frente.
Esta é a minha opinião, bastante minoritária, diga-se em abono da verdade. Autarcas, sociólogos, politólogos, médicos, influentes locais e população em geral, todos em uníssono, clamam pelo novo Hospital. Mesmo agora veio a avestruz Macário Correia (sim, ainda não é dinossauro... só avestruz), qual porta-voz da AMAL, arengar contra tamanho dislate do governo. Faz-me muita impressão que pessoas, sem o mínimo de conhecimentos técnicos sobre organização hospitalar, opinem de alto ao sabor das vontades políticas.
O que eu penso é que um Hospital Central não é construido de raiz. Não se "faz" um Hospital Central. Este vai-se fazendo, é uma longa evolução funcional, e a determinada altura, em função da diferenciação adquirida e das valências que possui, passa a ser denominado Hospital Central. Foi o que se passou em Braga, no Hospital de S. Marcos. Ao hospital onde eu trabalho só lhe faltam 2 ou 3 valências para ser um verdadeiro "Central", e tem recursos humanos abundantes e sub-aproveitados. É só continuar a trabalhar para vir a sê-lo... As instalações já vão estando obsoletas... ok, mas está-se a investir nesse aspecto e mais pode ser investido e modernizado.
Por outro lado, ao fazer um hospital novo, todo bonito, todo equipadinho, passa a faltar o mais importante: os profissionais para lá trabalhar! E onde se vão buscar? A este... então este fecha, ou ficam os dois deficitários. A Lisboa? Sim, pois... se houve sempre grande dificuldade para trazer gente cá para baixo, era agora por milagre que viriam 2.000 profissionais de uma só vez. Só se for a Espanha... ok, tudo bem! Quanto a mim, nesta região, o que falta são hospitais mais pequenos - chamados de Nível 1 - com as ditas valências básicas, e a funcionarem eficazmente... não como o único, desse tipo, que aqui existe e é uma aberração. Por exemplo, Tavira era um excelente local para um hospital desse tipo, e deixava o Macário (a avestruz) todo contentinho.

Mas, como gosto sempre de dar uma no cravo, outra na ferradura, aqui fica:
Mais uma vez assistimos ao habitual fólclore governativo portugues: Uma decisão de um governo anterior é alterada pelo novo governo, de repente, sem ser apresentada uma explicação ou um substrato que o justifique. Ou seja, porquê sim aos outros cinco e não a estes cinco que foram chumbados?

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