quinta-feira, agosto 31, 2006

 

Diário de Viagem (II) 17Ago06

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Quando chegamos a Ierapetra era noite cerrada e o vento soprava. Soprava quente e forte, como nunca tinha visto. Soprava sem parar, lá bem do fundo da ilha, num sopro forte que vergava as oliveiras e arrastava as pessoas.
Nunca vi um vento assim. Durante horas, até dias, nem uma brisa…e o calor torna-se quase sufocante. Depois, de repente, uma rabanada, duas e o vento instala-se e reina… e refresca. O vento, que à noite quase assusta, de dia é uma bênção.
Nunca percebi como lhe chamam aqui, a este vento… korop, será?

Ierapetra é bonita, pequena e pacata. Até parece que a enorme chusma de turistas – sim, nós!– lhe passa ao lado. Tem pouco para ver - um forte Veneziano, ruínas duma mesquita e um pequeno museu arqueológico - mas tem muito para passear. Gostei especialmente do longo paredão, cheio de esplanadas, com o mar a morrer ali mesmo ao lado, devagarinho e sem barulho.

Vão ser umas boas férias, tenho a certeza!



terça-feira, agosto 29, 2006

 

Diário de Viagem (I) 16Ago06

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Hoje foi a primeira vez que viajámos num vôo charter, nunca tinha calhado… Minto, já tinha! Mas foi há muito tempo, mesmo há muito, há quase quinze anos, numa das nossas primeiras viagens ao estrangeiro, a Paris, ainda éramos tão novos. Acho que, talvez por isso, tudo nos pareceu muito bom, extraordinário e maravilhoso.
Mas não hoje!
O avião era pequeno, abafado e apertado. Tinha umas hospedeiras velhas, feias e antipáticas. A comida ainda era – se possível – mais plástica que o habitual e cobraram uma data de Euros pelas bebidas e vinho.
Mas o pior de tudo, foi o avião estar cheio de portugueses, só portugueses. Pude presenciar e apreciar – e às tantas até participar - à estranha forma como os tiques e manias de todos os dias se elevam à perfeição, numa permanente e ostensiva exibição da nossa alegria e do nosso sucesso. Não lhe chamaria uma feira, porque apesar de tudo é mais comedida, mas é claramente o teatro das vaidades.
E eram pessoas que tiveram o bom gosto de escolher Creta. Nem me atrevo imaginar o que será uma coisa destas para Punta Cana ou Riviera Maia.

sexta-feira, agosto 25, 2006

 

Intermezzo

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Sim, um pequeno intervalo, um ligeiro hiato entre férias.

A vencedora é a T, acertou em cheio no local: Creta! Mas não leva prémio nenhum, fez batota, teve informações secretas num outro blog :)
Gostei muito. Mais que isso, gostei mesmo muito e até tenho pena que tenham sido só 7 dias: sol e serra, passeios e sestas, água quente e cerveja fresca... sem doentes nem doenças. Um regalo!
Agora vou mais 7 dias para o Alentejo, mais propriamente para Alpalhão... Conhecem? Se tiver computador irei dando notícias.

Aditamento: Nos próximos posts irei escrever um pequeno diário que rabisquei em viagem.

quarta-feira, agosto 16, 2006

 

Finalmente

Finalmente, férias! Agora, e durante duas ou três semanas, tudo fica mais leve e brilhante.
Cortei o cabelo, comprei uns calções de banho e três livros para ler. Estou pronto...
Na próxima semana, estarei nesta praia, nesta ilha (podem tentar adivinhar!). Na volta darei notícias :)



terça-feira, agosto 08, 2006

 

O Emanuel (II)

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Conforme foi pedido pela Magnólia, aqui fica o que mais soube acerca do Emanuel

Depois de alguns meses, de muitas decisões e contra-decisões, de muito chuto para o lado e assobiar para o alto, o Emanuel passou a viver no Instituto Dr. Francisco Gomes em Faro. O Instuituto Dr. Francisco Gomes, mais conhecido como Casa dos Rapazes, é uma instituição de solidariedade social, laica e privada, com mais de 50 anos de funcionamento e especialmente vocacionada para o acolhimento de jovens do sexo masculino desprotegidos.

Diz-me quem sabe que o Emanuel tem tido o necessário acompanhamento psiquiátrico e "anda bem", como se diz. Visita regularmente o Hospital - a Urgência e o Serviço de Pediatria - e até já fez as pazes com o médico a quem tinha pontapeado as partes baixas.
Não sei como vai o aproveitamento escolar do Emanuel...
... Nem como estão os laços entre ele e o Director Clínico!

quarta-feira, agosto 02, 2006

 

Quem diria...

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Eram três da tarde e tinha acabado de chegar a casa, cansado depois de (meio)dia de trabalho. Bem, não estaria assim tão cansado... pelo menos, não mais que em qualquer outra tarde, de qualquer outro dia destas últimas semanas de Verão. Na verdade, estava só um bocadinho cansado... mas, acreditem, como estava muito calor - mesmo muito calor – e não tinha nada que fazer, decidi-me a praticar um pouco de um dos meus desportos favoritos: o mappling. Descalcei os sapatos, sentei-me, recostei-me, acomodei-me e pus os olhos a descansar enquanto pensava em nada. Desonfio até – sim, desconfio- que me deixei dormir… Mas se deixei, foi só por um bocadinho.
Nisto, sou sobressaltado pelo telemóvel, insistente.
- Está?… É o Dr. Gasel?
- Blghhh…
- Boa tarde! Sou a Jornalista X, do Público.
- Aaahhh!!
- Sabe que o Fidel Castro está gravemente doente e cessou as funções de Presidente?
-Ogghhh??
- Segundo as agências tem graves hemorragias intestinais e foi operado… Gostaria que comentasse isto na sua qualidade de especialista?
- Oooops!!
- O que é que pensa que pode ter causado este problema?
- Hããã…
Lá tive que acordar de vez e articular duas ou três ideias sobre o tema, enquanto tentava perceber o porquê do telefonema. Mas, antes de o perceber, já tinha ouvido "Boa tarde e muito obrigado" e fiquei novamente sozinho, sentado, a matutar sobre se devia ter respondido – ou não – e sobre o que teria dito de uma maneira menos correcta – e disse!
Passado um pouco, percebi o porquê de me ligarem: apenas um número de telefone e um nome que ficaram registados a propósito de um outro assunto.
Aos poucos, voltei ao mappling, ao limbo, enquando sorria... Sempre pensei que esta coisa de comentários técnicos em jornais fosse coisa de alguma responsabilidade!