quinta-feira, junho 30, 2005
Quem me bateu?
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A D. Conceição já era conhecida no Serviço desde há muito tempo. Era bastante velha, pequenina e encurvada pelos anos, desconfiada e resmungona pela vida.
Tinha uma esofagite, quase tão velha como ela, que desde há anos tinha formado uma estenose péptica na porção inferior do esófago. De modo que, de tempos a tempos, a dificuldade em engolir apertava e lá vinha ela fazer uma dilatação.
Tinha, também, uma filha quase tão velha como ela. Não sei se também tinha esofagite mas era muito mais chata que a mãe.
Naquele dia, mais uma vez, deitou-se na maca a resmungar - Ó doutor… veja lá se não me faz doer muito! – Concerteza que não, D. Conceição…
Naquele dia o Midazolam não funcionou lá muito bem e a D. Conceição ficou naquele limbo flutuante: nem estava a dormir e quietinha, nem acordada e obediente... ficou aparvalhada e agitada.
Introduzido o endoscópio, ainda nem tinha chegado ao estômago, ela começou a estrebuchar… Não valia a pena dizer-lhe nada, não ouvia, e parecia que tinha sete braços, sete fôlegos, sete forças, sei lá. O que eram precisos era reforços para a segurar!
De repente, a D. Arnilde começa ao gritos – Ahhhh… Ahhh… está-me a morder!! Aiiii, está-me a morder!! A D. Arnilde era a auxiliar, tinha deixado escapar o bucal e, na tentativa de o recolocar, ficou com dois dedos dentro da boca.
- Ó D. Conceição… Porte-se bem! Vá lá… Nisto, a D. Arnilde consegue tirar os dedos – Já está… safa!! – rejubilou – Ela vai morder o aparelho... – soou a enfermeira.
Num impulso, dei-lhe uma boa palmada na testa… Ela abriu a boca e eu saquei o endoscópio num ápice. A D. Conceição sentou-se na maca que nem uma mola, pequenina, de olhos esbugalhados e expressão furiosa.
- Quem é me bateu? Quem…?
- Bater, D. Conceição?? Ora essa…
A D. Conceição já era conhecida no Serviço desde há muito tempo. Era bastante velha, pequenina e encurvada pelos anos, desconfiada e resmungona pela vida.
Tinha uma esofagite, quase tão velha como ela, que desde há anos tinha formado uma estenose péptica na porção inferior do esófago. De modo que, de tempos a tempos, a dificuldade em engolir apertava e lá vinha ela fazer uma dilatação.
Tinha, também, uma filha quase tão velha como ela. Não sei se também tinha esofagite mas era muito mais chata que a mãe.
Naquele dia, mais uma vez, deitou-se na maca a resmungar - Ó doutor… veja lá se não me faz doer muito! – Concerteza que não, D. Conceição…
Naquele dia o Midazolam não funcionou lá muito bem e a D. Conceição ficou naquele limbo flutuante: nem estava a dormir e quietinha, nem acordada e obediente... ficou aparvalhada e agitada.
Introduzido o endoscópio, ainda nem tinha chegado ao estômago, ela começou a estrebuchar… Não valia a pena dizer-lhe nada, não ouvia, e parecia que tinha sete braços, sete fôlegos, sete forças, sei lá. O que eram precisos era reforços para a segurar!
De repente, a D. Arnilde começa ao gritos – Ahhhh… Ahhh… está-me a morder!! Aiiii, está-me a morder!! A D. Arnilde era a auxiliar, tinha deixado escapar o bucal e, na tentativa de o recolocar, ficou com dois dedos dentro da boca.
- Ó D. Conceição… Porte-se bem! Vá lá… Nisto, a D. Arnilde consegue tirar os dedos – Já está… safa!! – rejubilou – Ela vai morder o aparelho... – soou a enfermeira.
Num impulso, dei-lhe uma boa palmada na testa… Ela abriu a boca e eu saquei o endoscópio num ápice. A D. Conceição sentou-se na maca que nem uma mola, pequenina, de olhos esbugalhados e expressão furiosa.
- Quem é me bateu? Quem…?
- Bater, D. Conceição?? Ora essa…
sexta-feira, junho 24, 2005
A aventura do quisto
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Acabou por acontecer numa tarde quente de Junho. Como é habitual nas coisas combinadas entre médicos, ficaram mal combinadas e, quando cheguei ao Serviço de Cirurgia, não havia nenhuma cama disponível. Bem, mudando este doente para ali, aquele para aqui, lá se arranjará uma cama… mas só depois das cinco da tarde, que é quando a "86" tem alta. Mas, já que ali estava, vai-se já canalizando a veia e pondo o soro a correr. Dito e feito, à primeira picadela. - Que soro se põe… Um Ionosteril? Uma Dextrose? – Sei lá… eu hoje não mando aqui nada!
De repente vem a ordem - É para ir para o bloco… e rápido! Lá vou para a sala de tratamento, lá me dispo e visto aquela batinha ridícula, com abertura completa atrás, e lá me deito na fatídica maca com lona. Nem há tempo para a tricotomia… há-de servir a que eu tinha (mal) amanhado da noite anterior. A viagem é estranha, muito estranha… é mesmo como nos filmes, onde só se vê o tecto a deslizar e caras, de raspão, a acenar. E é extraordinário como caminhos que conhecemos tão bem nos parecem, de repente, completamente novos e desconhecidos.
Chegado sala fria, só pensava - Devia ter mijado! – Não te preocupes, vai demorar pouco… já tem a Marcaína pronta? – Marcaína!?… Pronto, já me enganaram. Iam-me fazer uma raqui-anestesia . Embora não tivesse ficado claramente definido, estava convencido que iria fazer anestesia geral. Bem sei que tem mais riscos mas é, quanto a mim, bem mais confortável para o doente. Já que não podia fugir, vamos a isso… em duas (ou três, já não me lembro bem…) tentativas estava a coisa feita. - Acho que isso ainda não está anestesiado! – Não?? Então levanta lá a perna… E eu levantava, só que ela nem se mexia um milímetro – Sentes…? E eu nem sabia onde havia de sentir.
E durante meia-hora lá andaram eles a escarafunchar, algures lá em baixo, entre as nádegas. Eu, atordoado com algum Midazolam, estava na maior, palrava com a anestesista e tentava ouvir os murmúrios que vinham lá dos fundos.
Cheguei à minha cama, onde ia passar a noite… - Deves ficar assim, em decúbito dorsal, para fazer mais compressão – Tinham feito ressecção em bloco e encerramento com colocação de dreno. A recuperação será mais fácil e mais rápida… espero que tudo corra bem. – E não podes levantar a cabeça… durante 24 horas! – É por causa da raqui-anestesia… pode causar cefaleias, não sei bem porquê!
E lá fiquei. Dores poucas… doiam-me mais as costas depois de 3 ou 4 horas deitado naquela cama. E que cama terrível, com aquela protecção plástica que nos faz ficar pegados ao lençol. E como é difícil mandar uma mijadela no urinol, deitado de lado… difícil, mesmo… é preciso espremer-mo-nos muito, demasiado! E como é estranha a sensação de estar paralítico (e insensível!) da cintura para baixo e sentir, aos poucos, voltar tudo ao normal com um esquisto formigueiro cheio de comichão.
Passada a noite, estava tudo bem. Tudo bem, excepto a fome… estava fiado em comer um belo croissant misto por volta da meia-noite, mas nada – Está em dieta líquida… só chá! E lá fiquei, sozinho, no escuro, a sonhar com o meu lindo croissant misto.
Por volta das dez horas fizeram-me a famosa higiene hospitalar… gostei, gostei muito de ser lavado com uma esponja de água morna, de serem mudados os lençois, de me sentir logo "muito melhor". E percebi, mais um pouco, a importância do enfermeiro chegar, dizer bom-dia ou boa-noite, perguntar se está tudo bem ou se precisa de algo, falar sobre isto ou aquilo… mesmo quando quase nem é preciso, como era o meu caso. Faz-nos sentir "menos doentes"!
Acabou por acontecer numa tarde quente de Junho. Como é habitual nas coisas combinadas entre médicos, ficaram mal combinadas e, quando cheguei ao Serviço de Cirurgia, não havia nenhuma cama disponível. Bem, mudando este doente para ali, aquele para aqui, lá se arranjará uma cama… mas só depois das cinco da tarde, que é quando a "86" tem alta. Mas, já que ali estava, vai-se já canalizando a veia e pondo o soro a correr. Dito e feito, à primeira picadela. - Que soro se põe… Um Ionosteril? Uma Dextrose? – Sei lá… eu hoje não mando aqui nada!
De repente vem a ordem - É para ir para o bloco… e rápido! Lá vou para a sala de tratamento, lá me dispo e visto aquela batinha ridícula, com abertura completa atrás, e lá me deito na fatídica maca com lona. Nem há tempo para a tricotomia… há-de servir a que eu tinha (mal) amanhado da noite anterior. A viagem é estranha, muito estranha… é mesmo como nos filmes, onde só se vê o tecto a deslizar e caras, de raspão, a acenar. E é extraordinário como caminhos que conhecemos tão bem nos parecem, de repente, completamente novos e desconhecidos.
Chegado sala fria, só pensava - Devia ter mijado! – Não te preocupes, vai demorar pouco… já tem a Marcaína pronta? – Marcaína!?… Pronto, já me enganaram. Iam-me fazer uma raqui-anestesia . Embora não tivesse ficado claramente definido, estava convencido que iria fazer anestesia geral. Bem sei que tem mais riscos mas é, quanto a mim, bem mais confortável para o doente. Já que não podia fugir, vamos a isso… em duas (ou três, já não me lembro bem…) tentativas estava a coisa feita. - Acho que isso ainda não está anestesiado! – Não?? Então levanta lá a perna… E eu levantava, só que ela nem se mexia um milímetro – Sentes…? E eu nem sabia onde havia de sentir.
E durante meia-hora lá andaram eles a escarafunchar, algures lá em baixo, entre as nádegas. Eu, atordoado com algum Midazolam, estava na maior, palrava com a anestesista e tentava ouvir os murmúrios que vinham lá dos fundos.
Cheguei à minha cama, onde ia passar a noite… - Deves ficar assim, em decúbito dorsal, para fazer mais compressão – Tinham feito ressecção em bloco e encerramento com colocação de dreno. A recuperação será mais fácil e mais rápida… espero que tudo corra bem. – E não podes levantar a cabeça… durante 24 horas! – É por causa da raqui-anestesia… pode causar cefaleias, não sei bem porquê!
E lá fiquei. Dores poucas… doiam-me mais as costas depois de 3 ou 4 horas deitado naquela cama. E que cama terrível, com aquela protecção plástica que nos faz ficar pegados ao lençol. E como é difícil mandar uma mijadela no urinol, deitado de lado… difícil, mesmo… é preciso espremer-mo-nos muito, demasiado! E como é estranha a sensação de estar paralítico (e insensível!) da cintura para baixo e sentir, aos poucos, voltar tudo ao normal com um esquisto formigueiro cheio de comichão.
Passada a noite, estava tudo bem. Tudo bem, excepto a fome… estava fiado em comer um belo croissant misto por volta da meia-noite, mas nada – Está em dieta líquida… só chá! E lá fiquei, sozinho, no escuro, a sonhar com o meu lindo croissant misto.
Por volta das dez horas fizeram-me a famosa higiene hospitalar… gostei, gostei muito de ser lavado com uma esponja de água morna, de serem mudados os lençois, de me sentir logo "muito melhor". E percebi, mais um pouco, a importância do enfermeiro chegar, dizer bom-dia ou boa-noite, perguntar se está tudo bem ou se precisa de algo, falar sobre isto ou aquilo… mesmo quando quase nem é preciso, como era o meu caso. Faz-nos sentir "menos doentes"!
quarta-feira, junho 22, 2005
É hoje!
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É hoje, vou à faca... vou sacar o quisto dermóide.
Espero que o cirurgião se ajeite com o canivete...
Espero, também, que não faça greve...
É hoje, vou à faca... vou sacar o quisto dermóide.
Espero que o cirurgião se ajeite com o canivete...
Espero, também, que não faça greve...
quinta-feira, junho 16, 2005
Sem compromisso
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- Boa tarde P! Sente-se…
- Boa tarde doutor!
- E então, como é que isso vai andando?
- Acho que bem…
- Sim, você parece-me bastante bem… teve alta, faz hoje uma semana, não é?
- É.
- E quando é que foi operada?
- Faz amanhã quinze dias…
- Pois foi… e como é que se tem adaptado?
- Vai devagarinho, doutor… algumas coisa ainda me fazem impressão.
- Mas, lá em cima, antes de ter alta… explicaram as coisa bem, não explicaram?
- Sim, explicaram… mas é difícil, vai indo devagarinho.
- Tem algum problema com a mudança dos sacos?
- Não, nisso já estou habituada…
- Então?
- Bem, ainda me faz muita impressão limpar o orifício… ahhh, é muito esquisito, mexer naquilo!
- Vá com calma, é assim mesmo… mas pode mexer e limpar à vontade.
- Sim, eu sei.
- E quantos sacos muda?
- Ahhh… cerca de 2 por dia.
- E as fezes, já vêm mais formadas?
- Sim, pastosas… sei lá, talvez como maionese, mas mais espessa.
- Então, acho que está tudo a correr dentro do esperado…
- É verdade, doutor… sempre ligou à C?… Como me tinha dito!
- Ehhh… esqueci-me!!
- …
- Mas espere lá… vou pedir para lhe ligarem!
A P tem cerca de trinta anos e uma doença de Crohn tramada, com envolvimento peri-anal e formação de abcessos e fístulas. Depois de vários tratamentos que apenas conseguiram estabilizar parcialmente a doença, acabou por fazer uma colostomia – esperamos que provisória – para controlar uma supuração peri-anal grave. Está a começar a sua adaptação a uma nova vida…
- Está… C?
- Sim?
- Sou eu, P do hospital… Então como vai?
- Ahhh doutor… está tudo bem!
- E quando é que vai a Coimbra?
- Estou à espera que me chamem…
- Bem, este telefonema não é por nada de especial… desta vez sou eu que lhe quero pedir uma coisa.
- Sim?
- Sim… diga-me lá, quer falar ou encontrar-se com uma jovem que também tem doença de Crohn e ficou com uma colostomia há duas semanas?
- Também tem uma colostomia…?
- Sim, o caso é um bocado semelhante ao seu… então, que me diz?
- Ahhh… sim, doutor podemos falar…
- Ó C… isto é um pedido, está a perceber. Se achar que não está a vontade…
- Não doutor, agora já falo disso com facilidade. Se fosse noutra altura, não sei… que idade tem?
- Trinta, mais ou menos… chama-se P.
- Tudo bem doutor… como é que fazemos?
- Olhe, eu vou-lhe dar o número de telémovel dela, você liga-lhe e combinam as duas, está bem?
- Está bem.
- Obrigado C… e não tem compromisso nenhum, é um favor que me faz!
A C é mais nova, ainda não tem trinta anos e também tem doença de Crohn. Por razões semelhantes ficou com uma colostomia – temporária – há quase três anos. A doença está, actualmente, bem controlada mas uma importante estenose ano-rectal tem protelado o encerramento da colostomia. Definitivamente? Não sei…
- Boa tarde P! Sente-se…
- Boa tarde doutor!
- E então, como é que isso vai andando?
- Acho que bem…
- Sim, você parece-me bastante bem… teve alta, faz hoje uma semana, não é?
- É.
- E quando é que foi operada?
- Faz amanhã quinze dias…
- Pois foi… e como é que se tem adaptado?
- Vai devagarinho, doutor… algumas coisa ainda me fazem impressão.
- Mas, lá em cima, antes de ter alta… explicaram as coisa bem, não explicaram?
- Sim, explicaram… mas é difícil, vai indo devagarinho.
- Tem algum problema com a mudança dos sacos?
- Não, nisso já estou habituada…
- Então?
- Bem, ainda me faz muita impressão limpar o orifício… ahhh, é muito esquisito, mexer naquilo!
- Vá com calma, é assim mesmo… mas pode mexer e limpar à vontade.
- Sim, eu sei.
- E quantos sacos muda?
- Ahhh… cerca de 2 por dia.
- E as fezes, já vêm mais formadas?
- Sim, pastosas… sei lá, talvez como maionese, mas mais espessa.
- Então, acho que está tudo a correr dentro do esperado…
- É verdade, doutor… sempre ligou à C?… Como me tinha dito!
- Ehhh… esqueci-me!!
- …
- Mas espere lá… vou pedir para lhe ligarem!
A P tem cerca de trinta anos e uma doença de Crohn tramada, com envolvimento peri-anal e formação de abcessos e fístulas. Depois de vários tratamentos que apenas conseguiram estabilizar parcialmente a doença, acabou por fazer uma colostomia – esperamos que provisória – para controlar uma supuração peri-anal grave. Está a começar a sua adaptação a uma nova vida…
- Está… C?
- Sim?
- Sou eu, P do hospital… Então como vai?
- Ahhh doutor… está tudo bem!
- E quando é que vai a Coimbra?
- Estou à espera que me chamem…
- Bem, este telefonema não é por nada de especial… desta vez sou eu que lhe quero pedir uma coisa.
- Sim?
- Sim… diga-me lá, quer falar ou encontrar-se com uma jovem que também tem doença de Crohn e ficou com uma colostomia há duas semanas?
- Também tem uma colostomia…?
- Sim, o caso é um bocado semelhante ao seu… então, que me diz?
- Ahhh… sim, doutor podemos falar…
- Ó C… isto é um pedido, está a perceber. Se achar que não está a vontade…
- Não doutor, agora já falo disso com facilidade. Se fosse noutra altura, não sei… que idade tem?
- Trinta, mais ou menos… chama-se P.
- Tudo bem doutor… como é que fazemos?
- Olhe, eu vou-lhe dar o número de telémovel dela, você liga-lhe e combinam as duas, está bem?
- Está bem.
- Obrigado C… e não tem compromisso nenhum, é um favor que me faz!
A C é mais nova, ainda não tem trinta anos e também tem doença de Crohn. Por razões semelhantes ficou com uma colostomia – temporária – há quase três anos. A doença está, actualmente, bem controlada mas uma importante estenose ano-rectal tem protelado o encerramento da colostomia. Definitivamente? Não sei…
quinta-feira, junho 09, 2005
Congressos
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Começou hoje o XXV Congresso Nacional de Gastrenterologia, o grande marco anual da nossa especialidade.
Um Congresso é sempre um acontecimento de extrema importância, ainda mais sendo Nacional. De propósito, deslocam-se médicos de todos os pontos do país, encontram-se e revêem-se os velhos amigos, estabelecem-se contactos para futuras necessidades, discutem-se e solucionam-se alguns casos clínicos mais bicudos – em conversas informais de corredor - e comem-se excelentes jantaradas, num ambiente descontraído e acolhedor. Sim, um Congresso tem uma vertente social única, marcante e indispensável. E uma vertente científica, claro: uma ou duas sessões... com alguma sorte aproveitam-se cinco sessões, porque o resto já está escrito nas revistas e livros – como dizia um antigo meu chefe!
Hoje assisti a uma sessão, que me interessava bastante, às quatro da tarde. Amanhã vou lá de manhã, faço uma visita aos posters e cavaqueio um bocadito. Depois do almoço venho fazer a consulta ao Hospital e depois, volto para a tal jantarada. E chega-me… para o resto já encomendei trabalho ao interno: quero resumos escritos de todas as sessões a que fores!
Entretando, foi marcada uma reunião dos corpos sociais de uma organização profissional a que pertenço… De entre as inúmeras desvantagens de uma direcção ser maioritariamente composta por mulheres, destaco uma: marcar reuniões para uma quarta-feira, dia 8 de Junho, às 18.30. Um homem nunca faria uma asneira destas!
Começou hoje o XXV Congresso Nacional de Gastrenterologia, o grande marco anual da nossa especialidade.
Um Congresso é sempre um acontecimento de extrema importância, ainda mais sendo Nacional. De propósito, deslocam-se médicos de todos os pontos do país, encontram-se e revêem-se os velhos amigos, estabelecem-se contactos para futuras necessidades, discutem-se e solucionam-se alguns casos clínicos mais bicudos – em conversas informais de corredor - e comem-se excelentes jantaradas, num ambiente descontraído e acolhedor. Sim, um Congresso tem uma vertente social única, marcante e indispensável. E uma vertente científica, claro: uma ou duas sessões... com alguma sorte aproveitam-se cinco sessões, porque o resto já está escrito nas revistas e livros – como dizia um antigo meu chefe!
Hoje assisti a uma sessão, que me interessava bastante, às quatro da tarde. Amanhã vou lá de manhã, faço uma visita aos posters e cavaqueio um bocadito. Depois do almoço venho fazer a consulta ao Hospital e depois, volto para a tal jantarada. E chega-me… para o resto já encomendei trabalho ao interno: quero resumos escritos de todas as sessões a que fores!
Entretando, foi marcada uma reunião dos corpos sociais de uma organização profissional a que pertenço… De entre as inúmeras desvantagens de uma direcção ser maioritariamente composta por mulheres, destaco uma: marcar reuniões para uma quarta-feira, dia 8 de Junho, às 18.30. Um homem nunca faria uma asneira destas!
terça-feira, junho 07, 2005
Troca de insultos
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Calhou dar com isto…
Puta que os pariu
Incrível como todos aceitamos a merda de médicos que temos. Incrível como estes cabrões reduzem uma pessoa a um tubo de ensaio ou a uma análise. Incrível como conseguem ter tão má-vontade, ser tão cabrões e ainda terem a lata de passar uma imagem de devotos da causa pública. Puta que os pariu a todos. Do meio desta merda toda sobra uma consolação. Farei o que tenho a fazer nos EUA. E quem não tem dinheiro ou capacidade para sair da merda deste país? A resposta é simples. Esses fodem-se. E já se sabe que a culpa é do sistema. A culpa NUNCA é do caralho do médico que não move uma palha para fazer o que tem de ser feito. E assim têm estes cabrões a vida de alguém suspensa no resultado de uma análise que se recusam a fazer.
Como sou um cabrão e um filho da puta…
Como o LAC não explicou o que causou toda esta fúria, o que era o problema de saúde, que tipo de análise não foi feita e a razão porque foi aos EUA…
Como agrediu e insultou, generalizando…
Aqui fica:
Um grande e refinado filho da puta é ele, um cabrão de terceira classe, um enconado de merda, que anda por cá há muitos anos, e só agora berra, porque lhe tocou a ele – ou aos dele.
Espero, sinceramente, que resolva o problema de saúde e que tudo acabe pelo melhor. Espero também, que lhe suguem todos os tostões que tem e que, ao voltar a Portugal, fique completamente fodido porque podia ter feito cá o mesmo por 5 €.
Escrito este meu desabafo, volto ao modo normal!
Afinal, os insultos também fazem parte da vida...
Calhou dar com isto…
Puta que os pariu
Incrível como todos aceitamos a merda de médicos que temos. Incrível como estes cabrões reduzem uma pessoa a um tubo de ensaio ou a uma análise. Incrível como conseguem ter tão má-vontade, ser tão cabrões e ainda terem a lata de passar uma imagem de devotos da causa pública. Puta que os pariu a todos. Do meio desta merda toda sobra uma consolação. Farei o que tenho a fazer nos EUA. E quem não tem dinheiro ou capacidade para sair da merda deste país? A resposta é simples. Esses fodem-se. E já se sabe que a culpa é do sistema. A culpa NUNCA é do caralho do médico que não move uma palha para fazer o que tem de ser feito. E assim têm estes cabrões a vida de alguém suspensa no resultado de uma análise que se recusam a fazer.
Como sou um cabrão e um filho da puta…
Como o LAC não explicou o que causou toda esta fúria, o que era o problema de saúde, que tipo de análise não foi feita e a razão porque foi aos EUA…
Como agrediu e insultou, generalizando…
Aqui fica:
Um grande e refinado filho da puta é ele, um cabrão de terceira classe, um enconado de merda, que anda por cá há muitos anos, e só agora berra, porque lhe tocou a ele – ou aos dele.
Espero, sinceramente, que resolva o problema de saúde e que tudo acabe pelo melhor. Espero também, que lhe suguem todos os tostões que tem e que, ao voltar a Portugal, fique completamente fodido porque podia ter feito cá o mesmo por 5 €.
Escrito este meu desabafo, volto ao modo normal!
Afinal, os insultos também fazem parte da vida...
sábado, junho 04, 2005
Reuniões
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Uma reunião, entre dez médicos, para discutir alguns problemas do Serviço e a apresentação de dois ou três trabalhos científicos, durou do meio-dia até às duas e meia da tarde.
É obra, garanto-vos... e ainda dizem que a vida de médico é uma papa e que não merecemos o que ganhamos.
E dá fome, muita fome. Saí dali com uma vontade doida de comer qualquer coisa que me aparecesse à frente. E comi!
E, para finalizar, mais meia horita e resolviamos o défice da saúde. Estava quase...
Uma reunião, entre dez médicos, para discutir alguns problemas do Serviço e a apresentação de dois ou três trabalhos científicos, durou do meio-dia até às duas e meia da tarde.
É obra, garanto-vos... e ainda dizem que a vida de médico é uma papa e que não merecemos o que ganhamos.
E dá fome, muita fome. Saí dali com uma vontade doida de comer qualquer coisa que me aparecesse à frente. E comi!
E, para finalizar, mais meia horita e resolviamos o défice da saúde. Estava quase...